Passear ao ar livre na quarentena é uma boa ideia?

Aplicativo aposta em revalorização de espaços públicos após a superação da pandemia do Coronavírus

May 04, 2020
Publicado por Cleci Leão.

Shopping Centers fechados, escritórios às moscas, lojas trancadas. Enquanto isso, nos parques e praças ao ar livre, é fácil encontrar um volume significativo de pessoas fazendo exercícios, entre outras que passeiam com cachorros ou carrinhos de bebê. Algumas incluem máscaras e luvas no traje esportivo, mantêm distância do grupo à frente e evitam interagir. Outras simplesmente respiram.

Em cumprimento ao período de quarentena recomendado para a contenção do vírus que causa a COVID-19, o isolamento foi a solução encontrada no mundo todo para evitar o colapso dos sistemas de saúde. No entanto, a manutenção de hábitos saudáveis mostra-se também importante para o fortalecimento do sistema imunológico que, no frigir dos ovos, é o que determina de que forma cada um vai passar pela doença, caso contraída.

Nesse contraponto, as recomendações começam a divergir. O Ministério da Saúde não proibiu exercícios físicos ao ar livre, mas o então Secretário Executivo da pasta, João Gabbardo, fez ressalvas em entrevista coletiva, entre as quais a necessidade de se evitar grupos e aglomerações: “Se você vai num parque e ele está lotado de pessoas fazendo atividade física, é uma aglomeração como qualquer outra”.

Segundo o Prof. Dr. Jorge Hallak, da Faculdade de Medicina da USP, que tem realizado webinars sobre o tema, “isolamento social é diferente de distanciamento social”. Em sua avaliação, as pessoas consideradas fora da zona de risco podem sair ao ar livre para se exercitar, porém sem contato pessoal ou com aglomerações. Já as quem pertence à zona de risco, como pessoas com doenças pré-existentes, casos crônicos ou idade avançada devem ficar em isolamento total.

Diante da possibilidade e endurecimento das regras da quarentena, como a declaração do Governador de São Paulo, João Dória, de que consideraria prender pessoas que desrespeitassem o isolamento caso esse não atingisse os 70% de redução de pessoas nas ruas, o simples gesto de ocupar os espaços públicos acaba soando a contraversão.

“Preciso fazer exercícios porque sou hipertenso e, se não mantiver minha rotina, posso esperar uma consequência bem feia”, diz o corredor na Av. Sumaré, em São Paulo. Mas ele prefere não se identificar, como se a atividade fosse de fato ilegal: “a situação está tão tensa que a gente vem fazer exercícios e recebe aquele olhar da população, como se estivesse cometendo um crime”, relata o munícipe.

Enquanto a quarentena se alonga e a pandemia ainda não mostra um desfecho claro, a maioria das pessoas vão trocando seus hábitos, em resposta à nova situação, como transferir para dentro do lar as atividades normalmente realizadas nos espaços públicos, incluindo as compras e os exercícios físicos, realizados por meio de plataformas online.

Depois da tempestade, o ar livre

Dessa experiência sem precedentes causada pela pandemia do Coronavírus, as pessoas sairão modificadas, isso é certo. De um lado, levaremos um tempo até que seja confortável compartilhar espaços que reúnam grandes aglomerações, como eventos, shopping centers, feiras e até mesmo empresas ou instituições de ensino. De outro lado, é provável que haja uma valorização dos espaços ao ar livre. Frequentar parques, praças – e até mesmo o comércio de rua – são que hábitos deverão voltar a fazer parte da rotina das pessoas, já tão condicionadas aos ambientes internos e controlados.

Contando com essa reconquista dos espaços públicos após o período de quarentena, o aplicativo QZela prepara-se para fazer parte da melhoria das áreas dedicadas ao convívio da cidadania, como praças, parques, ciclovias, praias e outras áreas geridas pelo poder público e empresas contratadas.

Criado para ser um aliado do munícipe na gestão da cidade, o app QZela é gratuito para o usuário, que pode apontar problemas de zeladoria e acompanhar a solução de problemas, avaliando a qualidade dos serviços prestados.

“No caso dos parques e praças, por exemplo, acredito que as pessoas vão passar a valorizar mais os espaços abertos. Vai levar um tempo até que a população volte a ocupar lugares fechados com tanta frequência, então será a hora mais do que propícia para cuidar dos espaços públicos”, avalia um dos idealizadores do aplicativo, Roberto Badra Sallum.

Para abrir uma ocorrência, é necessário baixar QZela no celular, fazer um cadastro rápido e apontar no mapa o problema de zeladoria que precisa ser verificado, documentando com foto ou vídeo. O processo todo não leva mais do que 20 segundos. Além disso, a plataforma tem um sistema de gamificação que soma pontos conforme o usuário abre, confirma, invalida, fecha ou avalia ocorrências, entre as mais de 400 opções apresentadas no app.

A expectativa dos desenvolvedores de QZela é melhorar a gestão dos espaços públicos a partir da aplicação inteligente de informações. Ao incluir o munícipe no processo de zeladoria urbana, sendo ele o principal usuário e, portanto, fiscalizador da cidade, QZela alimenta uma plataforma de dados que vai gerar relatórios atualizados e precisos para os gestores.

QZela na Quarentena

Durante o período de quarentena, em sintonia com a orientação para que as pessoas fiquem em casa, QZela criou ferramentas que colaboram com os propósitos do isolamento para combate à pandemia. Utilizando o segmento “Quarentena Covid19”, o usuário pode reportar problemas como aglomerações, serviços essenciais fechados e serviços não essenciais abertos. Também pode reportar o descarte adequado de lixo reciclável livre de contaminação, a partir do serviço “Lixo sem Covid19”, que faz parte de uma iniciativa em parceria com o Instituto Limpa Brasil segundo orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde).