Saneamento é exercício de cidadania

Tecnologia viabiliza participação do munícipe no controle de qualidade, gestão ambiental e eficiência de serviços

June 16, 2020
Publicado por Cleci Leão.

Novas tecnologias convidam o cidadão a participar mais ativamente de atividades que antes concentravam-se nas mãos do Estado. Junto com a noção cada vez mais clara de que toda ação humana tem consequência direta no bem estar individual e coletivo, vem também a certeza de que é necessário conhecer, participar e engajar-se no exercício de cidadania.

Não se trata apenas de reclamar ou fiscalizar, mas de tomar assento na administração dos espaços e interferir no planejamento municipal. Com essa premissa, o aplicativo QZela tem trazido para as mãos do cidadão uma ferramenta que viabiliza o engajamento da população, ao mesmo tempo em que transforma informação em recurso primordial para a sustentabilidade, eficiência e redução de custos.

O setor de saneamento e distribuição de água é um exemplo claro de atribuição do poder público que requer o envolvimento direto da população, seja pela característica da própria infraestrutura, amplamente interligada, ou pelo impacto das ações humanas sobre os recursos naturais e toda a engenharia da distribuição e coleta.

O Rio que pretende ser cartão de visitas de SP

Ícone da atual gestão de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, o projeto Novo Rio Pinheiros pretende renovar o compromisso de São Paulo com a distribuição de água e tratamento de esgoto, ao mesmo tempo em que cria um marco ambiental, turístico e comercial para o município. Para a empreitada, o governo do estado tem dirigido esforços, projetos, e um orçamento de cerca de R$ 2,5 bilhões em obras, que englobam tanto o rio Pinheiros quanto o Tietê, em conjunto com a Sabesp e por meio de financiamentos do BID e Banco Mundial.

As obras têm por objetivo ampliar a coleta e o tratamento de esgoto, melhorar a infraestrutura e desenvolver a região do entorno das águas, visando ao aproveitamento mais eficaz dos recursos hídricos da metrópole paulista, criando um grande parque de convívio e navegabilidade.

Bonito, complexo e longo – com previsão inicial para término em 2022 –, o projeto é também extremamente necessário, numa época em que já passa da hora de a humanidade agir em prol recuperação dos ambientes degradados e da contenção dos estragos já realizados. O chamado Projeto Novo Rio Pinheiros prevê atender 770 mil pessoas, distribuídas nos 47 mil imóveis nas sub-bacias dos córregos Corujas/Rebouças, Ponte Baixa/Socorro, Aterrado/Zavurus e Pedreira/Olaria.

As obras, divididas em 14 lotes que somam R$ 1,5 bilhão em investimentos, foram contratadas no sistema de performance, ou seja: a empresa vencedora da licitação não apenas é responsável pelos trabalhos executados, como também depende do resultado obtido, medido por metas, controle de conexões e da qualidade da água.

O sistema de contratação por performance é uma tendência mundial, especialmente no setor de saneamento, que envolve uma rede complexa de instalações, ramais e ligações domiciliares. Para medir a sua atuação, tanto a empresa contratante quanto suas terceirizadas dependem de avaliação constante e engajamento da população.

Pouco antes do anúncio da Pandemia pelo Coronavírus, o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo do estado de São Paulo, Marcos Penido, apresentou o projeto do Novo Rio Pinheiros, cuja estrutura divide-se em cinco eixos: saneamento, manutenção, tratamento de resíduos sólidos, revitalização e comunicação, e educação ambiental. Segundo Penido, além de desenvolver o aspecto ambiental, tanto o munícipe quanto o visitante da cidade de São Paulo deverão ganhar um polo de lazer, transporte e integração.

Ao aproximar empresas, órgãos reguladores e a população, esse tipo de projeto evidencia que a gestão pública com foco na sustentabilidade é intrinsecamente dependente de participação coletiva. Fica no passado o formato vertical de administração urbana, no qual o cidadão é contemplado ou prejudicado pela ação do gestor.

Engajamento

Essa é a filosofia que inspirou os criadores de QZela, uma espécie de “política pública de bolso”, que usa a tecnologia para que o próprio cidadão possa acompanhar a gestão de sua cidade. Ao baixar o app gratuito, o munícipe encontra mais de 40 segmentos relacionados à zeladoria urbana, que se desdobram em um leque de centenas de possíveis ocorrências para serem registradas em menos de 30 segundos.

Organizadas em big data e selecionadas por inteligência artificial, as informações de QZela são apresentadas em estatísticas, gráficos ou listas. A plataforma também viabiliza a integração direta com sistemas externos, por meio de API, o protocolo de integração de entre aplicações. Isso significa que a empresa que contrata os dados de QZela pode não apenas coletá-los de forma georreferenciada e online, geridos por business intelligence, mas tem também a facilidade de receber as informações diretamente em seu sistema operacional por meio da interface que escolher: pelo portal online, aplicativo QZela Corp, ou por API.

A força motriz de QZela é a ideia de que, com a tecnologia, todos ganham. Ao munícipe, o app permite a participação e o engajamento, além de ser sempre gratuito e de fácil operação. Para o gestor, a plataforma pode ser o grande diferencial na hora de planejar, controlar e acompanhar as operações e, sobretudo, reduzir custos e aumentar a eficiência dos serviços. Para o poder público, QZela viabiliza uma administração mais transparente e com melhores resultados.

Veja a seguir alguns exemplos em que a gestão otimizada e a participação do cidadão se traduz em benefícios de todos os lados.

  1. Perdas de água na rede de distribuição.

A cada metro cúbico de água tratada que se perde, desperdiça-se todo o montante gasto no ciclo do tratamento. Como consequência, oneram-se a distribuição e o tratamento de água e esgoto, com impacto direto no bolso do consumidor. Para o meio ambiente, as perdas se multiplicam, ao acirrar a crise hídrica e comprometer a sustentabilidade.

Como QZela pode contribuir: ao apontar problemas na rede, como vazamentos nas vias públicas, calçadas e na entrada de sua residência até o medidor, a própria população atua como fiscal de sua cidade, e pode abrir um canal direto de comunicação com a companhia de saneamento e/ou o prestador de serviço responsável. Para o cidadão: soluções mais ágeis. Para o gestor: produtividade e metas atingidas na redução de perdas de água, através de engenharia, aplicação de tecnologia e manutenção eficaz.

  1. Ligações domiciliares

Até o fim de 2019, uma em cada três residências brasileiras ainda não estava ligada às redes de esgoto. Sem que essa ligação seja realizada, não há meios de interligar a rede coletora às estações de tratamento, fazendo com que as fossas conduzam o esgoto para locais indevidos: córregos, rios, mananciais. Além de gerar doenças e poluição, a destinação inadequada dos resíduos compromete o meio ambiente e prejudica a própria limpeza das represas que abastecem as estações de tratamento de água.

Como QZela pode contribuir: QZela engaja a população a apontar problemas, como vazamentos, córregos e rios poluídos, sujos, com mau cheiro, ligações irregulares. Participar da gestão da própria cidade é um ato de educação ambiental, além de fomentar informações para que os gestores planejem melhor os serviços de limpeza e manutenção. Como resultado, é possível reduzir problemas de saúde decorrentes da rede poluída, bem como evitar custos incorridos pelo tratamento e limpeza. Além disso, os dados coletados geram um histórico consistente que mapeia as necessidades pontuais de cada região, permitindo aos gestores criar programas de governo e programar obras importantes, estruturantes do sistema.

  1. Despoluição de rios

A Demanda Bioquímica de Oxigênio, conhecida pela sigla DBO, aponta a quantidade de oxigênio necessária para que a comunidade microbiana gere a decomposição da matéria orgânica em determinado ambiente aquático.Quanto menor o DBO, melhor a classificação da água. Para atingir a navegabilidade, por exemplo, o DBO de um rio precisa estar em 30mg/L. Infelizmente, o Rio Pinheiros tem, atualmente, um índice que fica entre 60 e 75mg/L, decorrente de uma série de problemas, como os resíduos descartados diretamente, a falta de rede de esgoto ou córregos afluentes poluídos e contaminados. Isso gera problemas como mau cheiro, doenças, degradação do meio ambiente, além do alto gasto com desassoreamento para limpeza e retirada de resíduos sólidos.

Como QZela pode contribuir: além de apontar vazamentos, poluição e outras questões nos afluentes, o munícipe também pode usar o app QZela para abrir ocorrências quando encontrar bueiros e galerias entupidos, lixo ou entulho despejados irregularmente, terrenos baldios e pontos de alagamento. QZela também oferece ao usuário o recurso de mapear e segmentar a destinação de resíduos sólidos, resultando em ganhos ao meio ambiente e a economia circular. Para o gestor, as metas de redução de DBO podem ser controladas por meio de obras de infraestrutura nas redes de esgoto, canalização de córregos, manutenção de córregos a céu aberto, além de outros problemas de zeladoria urbana.